sexta-feira, 21 de agosto de 2015

VOCÊ LEMBRA DE GIGANT SILVA?



Eu ainda estava jogando em Rio Claro quando recebi uma proposta de um empresário americano para integrar uma empresa americana de luta livre (telecatch). Como eu ainda tinha contrato com o basquete, acabou ficando só na proposta. Anos mais tarde surgiu novamente a chance, e eu aceitei. Isso foi há quase 20 anos, quando viemos morar nos Estados Unidos. Assim, tudo foi se concretizando. 

Ainda tem contato com os jogadores que atuaram ao seu lado, com o Oscar Schmidt? 

Minha esposa mantém contato com meus amigos daquela época através as redes sociais, e por meio dela vou me atualizando sobre os acontecimentos. 


Você se preparou em alguma arte marcial antes de migrar do basquete para a luta ou foi "com a cara e a coragem"? 

Foi necessário muito preparo e treinamento para adaptação, como em qualquer outro esporte. Quando estava no meu último ano em Rio Claro, eu estava treinando braço de ferro. No primeiro ano disputei campeonato estadual, depois brasileiro e em seguida o Mundial em Virgínia Beach, nos Estados Unidos. Foram seis meses só de preparação, aprendendo técnicas. Depois, com o Vale-Tudo, fui conhecer o jiu-jítsu por meio dos amigos Ricardo e Rômulo Bettencourt, que me ensinaram muitas técnicas. 

Que lembranças tem do Pride? 

O Pride foi uma etapa de aprendizado na minha vida. Viajei muito, principalmente para o Japão, um país onde existe muito respeito pelo próximo e seriedade pelo trabalho, então foi mais uma lição adicionada à minha vida. Posso dizer que essa é uma das coisas marcantes que vieram com o Pride. Quanto a participar dos eventos, posso dizer que o empenho de lutar para 50 mil pessoas era o mesmo dos eventos que lutei para público pequeno. A adrenalina sempre gritava no peito. 

Em alguns eventos, havia a impressão de que você fazia o papel do vilão contra algum lutador mais popular entre os fãs e o público. Existia essa divisão entre vilão e herói nos shows? 

Sempre há na história da luta o que faz papel de mau... Assim era a característica do meu personagem na luta livre, mas mesmo assim, o público acabava torcendo por mim. Agradava da mesma forma. 

No MMA, seu cartel tem duas vitórias e seis derrotas. Valeu a pena ter migrado de esporte? E, independente dos resultados, você gostou da história que construiu? 

Minha carreira nos Estados Unidos, no México e no Japão se construiu em cima do trabalho e da participação na luta livre. Já no MMA, surgiu de um convite e a partir de cada combate, foram surgindo outras lutas. Meu principal trabalho foi sempre a luta livre, o que faz a minha história diferente da dos lutadores que se dedicam somente a isso. 

Qual explicação você vê para o telecatch ser uma febre nos Estados Unidos? 

É mais uma forma do americano se descontrair. Eles são fanáticos, sim. É muito comum os pais levarem os filhos desde pequenos aos estádios para verem as lutas e já aprendem a admirar e escolherem seus lutadores favoritos.

Do que sente falta do Brasil? 

Não tem como não sentir saudades. Família, amigos, enfim, todos que nos ajudaram a escrever nossa história. Não saberia dizer algo... Porque seria buscar algo material e prefiro dizer que o ser humano é adaptável... Buscamos formas para ser feliz. Se bateu saudade da família, vamos visitá-los ou algum sempre vem nos ver. 

Você é muito alto, o que desperta a atenção. Como é a sua relação com os fãs? 

As pessoas me tratam com admiração e respeito. O americano trata tudo com maior naturalidade, tudo flui muito amigavelmente. Há momento para uma fotografia e um autógrafo sempre com tranquilidade. 

Quando assiste ao UFC, quem gosta de ver em ação? 

Acompanho de vez em quando. Gosto de todos. Sempre que há um brasileiro lutando é para ele que vou torcer, sempre valorizando o trabalho e a dedicação do atleta. 

O que gosta de fazer nas horas vagas? 

Gosto de estar com meus netos. Meus planos sempre incluem a família. Temos dois filhos e dois netos, então fico sempre em torno deles, sem me importar muito com programações. Gosto de levá-los ao cinema e ao parque. O basquete também está enraizado em todos nós em casa. Às vezes jogo com meus netos para descontrair.

Após a sua aposentadoria do MMA, há muito tempo não vemos notícias suas no Brasil. O que houve? Você evitou se expor?

Levo uma vida normal. Acho que isso é consequência por não estar nos ringues. Não sei, não tinha reparado nesse detalhe.

Quais são seus planos para os próximos anos?

Quero curtir a vida ao lado da minha família 

Nenhum comentário:

Postar um comentário